Série Roger Scruton, episódio 3: entre a Imaginação e a Fantasia


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Jun 01 2021 55 mins   1
Vamos dar continuidade à série de podcasts sobre o Roger Scruton. Vamos refletir sobre uma distinção que começa pelo filósofo italiano Benedetto Croce e vai seguindo através de seu discípulo, R.G. Collingwood, que defendia a ideia de que a arte legítima não se preocupa tanto com as reações, ou seja, com o efeito que a obra causa. Scruton utiliza como exemplo diretor Ingmar Bergman, que no seu filme Morangos Silvestres tenta subverter tudo aquilo que o telespectador tem como certo, ele o transporta para um mundo totalmente diferente. Scruton diz que é muito importante para um autor preservar seu estilo, seu “eu”, sua essência, não se deixando ser tragado por essa tara por causar “reação” do público. É pelo estilo que o autor é reconhecido, mesmo quando ele faz o possível para ser sutil (aí é que está a graça da coisa, às vezes é interessante assistir um filme para detectar essa sutileza), e alguns autores são mestres nessa arte de aludir ao que não expressam diretamente. O anime Yahari Ore No Seishun (apelidado de Oregairu pela fan base), abordado em outro Podcast, segue esse conceito lindamente, ou seja, de aludir ao que não expressa, aliás, todo o anime é montado em cima disso. O protagonista, bastante introvertido e inicialmente um nietzscheano, não consegue demonstrar afeição e preocupação de forma direta, sempre buscando defender as pessoas que ama à sua maneira, uma maneira sutil que, quando percebida, nos leva ao reino da imaginação, pois é algo que não percebemos facilmente em qualquer cotidiano rasteiro. Uma outra coisa que é válida ressuscitar é o assunto tragédia grega, focando no despertar da empatia, isso leva a algo que Aristóteles chamava de catarse, isto é, um sentimento de êxtase que nos infunde uma compreensão profunda do sentimento moral. Outro aspecto interessante da tragédia grega, que vez por outra também é chamada de tragédia aristotélica, é que a morte é encerrada no domínio da imaginação, ou seja, não precisa ser explicitada, tanto é que assassinatos constantemente eram retratados fora do palco. Era uma coisa mais conceitual. Vemos isso no filme Incêndios, do diretor Dennis Villeneuve, que usa a mesma técnica de sugestionar ao invés de explicitar, em jogos de cenas absolutamente geniais. Errata: no Podcast eu cito a tragédia do Édipo Rei e falo que ele matou a mãe, na verdade foi o pai (falta de atenção). Sigam meu ig literário: @podkelvin