Como se forma um psicanalista? - Psicanálise e transmissão


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Nov 19 2023 18 mins   1
A formação em psicanálise, para Sigmund Freud, deve se concentrar em três aspectos fundamentais: análise pessoal, supervisão e estudo teórico. A necessidade da análise pessoal se sustenta no dito freudiano "Só é possível levar uma análise até onde se foi com a sua" (Frase que hoje e rebatida por alguns autores) - De todo modo, a análise pessoal é o espaço que o sujeito que se faz psicanalista pode falar sobre seus estranhamentos, angustias, inclusive sobre os casos que atende. A supervisão consiste no encontro com um par, alguém que se diz analista, para que se possa contar com suas palavras sobre o caso e tirar dúvidas teóricas. - Poder convidar outro para o diálogo, para que a entrada desse outro possa instaurar a dúvida e levar a novas maneiras de ver o caso ou aspectos nele. - Sendo a supervisão o espaço onde mais se percebe onde os assuntos pessoas do sujeito analista estão impedindo a escuta. O estudo teórico consiste no encontro com os textos que fundamentam e organizam os saberes das psicanálises. Cabendo a cada um criar sua ordem de leitura, seja dos autores clássicos e dos atuais. Pois se a psicanálise convida o sujeito a criar e saber mais sobre seu desejo, seu estudo também é orientado pelo desejo do sujeito. O que lhe é questão? O que lhe faz enigma? Em mesma linha, Jacques Lacan propõe que as escolas de formação em psicanálise devem se organizar a diminuir as identificações, a instigarem o desejo, a lembrarem todo candidato a analista que ele/ela/elu "somente se autoriza por si". Lacan utiliza essa frase para lembrar a todos que não haveria curso, não haveria caminho pré-definido para se tornar-se analista, e que ninguém além de próprio sujeito pode autorizar-se dizer a si que está pronto para escutar alguém (e lidar com a responsabilidade disso (sejam as éticas ou legais) Hoje autores como Dunker, Miller, Forbes, Coutinho... Resgatam a indicação de Freud e a provocação de Lacan para que a psicanálise converse com outras áreas do saber, para poderem criar dialogo com todes (inclusive os discursos que lhes são mais avessos), e que sustentados pela ética da psicanálise, o desejo, possam sempre apontar a falta e escutar a angústia de que assim solicitar. "O analista diz àquele que está para começar — Vamos lá, diga qualquer coisa, vai ser maravilhoso." - Jacques Lacan Seminario 17 p.50 ______________________ Meus Dados Oi mundo, meu nome é Leonardo Gonçalves Wild Caso tenha gostado siga no agregador e compartilhe. Para quem quiser saber mais sobre mim, meu Instagram é @leogwild ou no YouTube @psicanalizando ou através do email [email protected] ______________________ Literatura: •Sobre psicoterapia (1905[1905]) - Sigmund Freud •Sobre psicanálise “selvagem” (1910) - Sigmund Freud •Recomendações ao médico para o tratamento psicanálitico (1912) - Sigmund Freud •Deve-se ensinar a psicanálise nas universidades? (1919) - Sigmund Freud •A questão da análise leiga (1926) - Sigmund Freud •El concepto de Escuela - Jacques-Alain Miller •O Seminário 7 - A ética da psicanálise •O Seminário 11 - Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise •O Seminário 17 - O avesso da psicanálise •O Seminário 23 - O Sinthoma •Psicanálise e Universidade - Dunker Christian • A clínica do Real - Forbes Jorge