A gasolina e o diesel seguem com forte defasagem em relação aos preços internacionais, e o repasse desses ajustes pode trazer um impacto significativo na inflação brasileira


Episode Artwork
1.0x
0% played 00:00 00:00
Jan 21 2025 4 mins   2
A gasolina apresenta uma defasagem de 14% abaixo do preço internacional, cujo aumento representaria um incremento de R$ 0,41 nos polos da Petrobras. Já o diesel possui uma defasagem de 27%, e seu reajuste resultaria em um acréscimo de R$ 0,94, segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).

No dia 29 de janeiro, o conselho da Petrobras realizará uma reunião para decidir se a atual política de abrasileirar os preços desses combustíveis é sustentável. Nesta semana, houve queda nos preços do petróleo no mercado internacional, após Donald Trump assumir a presidência dos EUA e declarar que pretende aumentar as exportações de petróleo. Mesmo assim, a gasolina e o diesel no Brasil continuam com forte defasagem em relação aos preços internacionais.

É importante acompanhar o comportamento dessa política. A Petrobras não reajusta os preços do diesel há mais de um ano e alterou os preços da gasolina apenas uma vez, em julho do ano passado, quando houve uma elevação do preço do combustível. Após esse reajuste, a estatal enfrentou a disparada da cotação do dólar em dezembro e grande volatilidade no preço do petróleo. Como a paridade em relação aos preços internacionais considera essas duas variáveis, a desvalorização do Real impacta significativamente os preços dos combustíveis no mercado interno.

Esse repasse terá impacto no IPCA, já que a gasolina afeta diretamente o índice, enquanto o diesel tem um impacto indireto por meio do transporte de cargas e produtos, que repassam os custos. Também é essencial avaliar se essa política de preços é sustentável para a própria Petrobras. A manutenção dessa estratégia pode gerar prejuízos à estatal, criar dificuldades para outras empresas que competem no mercado brasileiro e prejudicar o setor sucroalcooleiro, que enfrenta desafios ao tentar repassar os preços internacionais em um mercado dominado por combustíveis fósseis.

Sobre a nova política de preços da Petrobras, houve apenas um reajuste nos preços da gasolina em 2024, com um aumento de 7,04% em julho. Já o diesel não teve reajustes no ano passado, sendo a última alteração uma redução de 7,85% em dezembro de 2023. É crucial monitorar se os preços serão ajustados porque isso traz um impacto direto na economia brasileira.

A estratégia da Petrobras busca mitigar a volatilidade no mercado internacional e na taxa de câmbio, mas pode gerar distorções tanto no mercado de combustíveis fósseis quanto no de combustíveis alternativos, como o etanol. Por fim, há outra preocupação, no dia 1º de fevereiro, o ICMS aumentará o preço da gasolina em 7% e o do diesel em 5%, o que deve gerar mais impacto sobre a inflação.