Investidores internacionais retiraram US$ 12,6 bilhões de ações, fundos de investimentos e títulos da dívida em dezembro, em movimento similar ao pânico da pandemia de 2020


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Jan 23 2025 4 mins   2
O déficit nas Transações Correntes aumentou e pressionou o Balanço de Pagamentos em 2024. O Balanço de Transações Correntes apresentou um déficit de US$ 9,0 bilhões em dezembro, na comparação com um déficit de US$ 5,6 bilhões no mesmo mês de 2023. O déficit acumulado nos doze meses encerrados em dezembro atingiu US$ 56,0 bilhões (2,55% do PIB), ante US$ 24,5 bilhões (1,12% do PIB) no mesmo período de 2023.

A balança comercial de bens registrou superávit de US$ 4,3 bilhões em dezembro de 2024, abaixo dos US$ 8,6 bilhões registrados no mesmo período de 2023. As exportações totalizaram US$ 25,1 bilhões, uma queda de 13,2%, enquanto as importações cresceram 2,3%, atingindo US$ 20,8 bilhões. Esse cenário refletiu uma combinação de menor demanda externa por produtos brasileiros e aumento da demanda interna por bens importados. No acumulado do ano de 2024, o superávit da balança comercial somou US$ 66,2 bilhões, uma redução de 28,2% em relação a 2023. Já as exportações de bens atingiram US$ 339,8 bilhões, recuo de 1,2%, enquanto as importações cresceram 8,8%, somando US$ 273,6 bilhões.

O déficit na conta de serviços alcançou US$ 4,6 bilhões em dezembro de 2024, um aumento de 27,3% em relação a dezembro de 2023. As despesas líquidas com transportes somaram US$ 1,4 bilhão (+27,0%), impulsionadas pelo maior volume de importações e pelo custo elevado de fretes. Serviços de propriedade intelectual registraram despesas de US$ 841 milhões (+14,6%), enquanto o setor de viagens internacionais teve saldo negativo de US$ 568 milhões (+23,7%), refletindo altas de 16,0% nas receitas e 19,2% nas despesas. No acumulado de 2024, o déficit em serviços foi de US$ 49,7 bilhões (+24,7%), com destaque para o aumento nas despesas com propriedade intelectual, transportes e serviços de tecnologia.

O déficit em renda primária foi de US$ 9,1 bilhões em dezembro de 2024, uma redução de 13,8% em relação aos US$ 10,6 bilhões do mesmo mês de 2023. As despesas líquidas com lucros e dividendos somaram US$ 4,1 bilhões, enquanto as despesas com juros alcançaram US$ 5,1 bilhões, ambos inferiores aos valores registrados no ano anterior. No acumulado de 2024, o déficit em renda primária atingiu US$ 75,4 bilhões, 5,1% menor que em 2023, refletindo queda nas despesas líquidas de lucros e dividendos e aumento nas receitas brutas de juros.

Os Investimentos Diretos no País (IDP) somaram ingressos líquidos de US$ 2,8 bilhões em dezembro de 2024, revertendo saídas líquidas de US$ 2,0 bilhões em dezembro de 2023. Do total, US$ 4,8 bilhões vieram de participações no capital, enquanto as operações intercompanhia registraram saídas líquidas de US$ 2,0 bilhões. No acumulado do ano, o IDP totalizou US$ 71,1 bilhões (3,24% do PIB), uma alta de 13,8% em relação a 2023, quando somou US$ 62,4 bilhões (2,85% do PIB).

As reservas internacionais fecharam dezembro de 2024 em US$ 329,7 bilhões, uma redução de US$ 33,3 bilhões em relação ao mês anterior. Entre os fatores que impactaram o estoque estão a liquidação de vendas à vista (US$ 19,8 bilhões), a concessão de linhas com recompra (US$ 11,0 bilhões), e variações por preços (US$ 1,5 bilhão) e paridades (US$ 1,4 bilhão). Enquanto isso, as receitas de juros tiveram um impacto positivo, aumentando o estoque em US$ 754 milhões. As reservas caíram fortemente na tentativa do Governo em conter a saída clara de investidores internacionais devido ao risco fiscal apresentado pelo governo no período, que pressionou o câmbio.