Na primeira semana de seu novo mandato, o presidente Donald Trump retomou rapidamente sua estratégia de remodelar a política comercial dos EUA por meio da aplicação de tarifas. Essas ações, reminiscentes de seu primeiro mandato, têm como objetivo fortalecer as indústrias domésticas e corrigir desequilíbrios comerciais. No entanto, também levantam questões sobre possíveis repercussões econômicas e o futuro das relações comerciais internacionais.
Thiago de Aragão, analista político
No dia 20 de janeiro de 2025, o presidente Trump anunciou a imposição de uma tarifa de 25% sobre as importações do Canadá e do México, citando preocupações com a imigração ilegal e o tráfico de drogas. Essas tarifas estão programadas para entrar em vigor em 1º de fevereiro de 2025. Além disso, Trump propôs uma tarifa de 10% sobre produtos chineses, acusando Pequim de contribuir para a crise de fentanil nos EUA ao enviar a droga para o México e o Canadá, de onde ela entra nos Estados Unidos.
Em outra medida imediata, o governo impôs uma tarifa de 25% sobre todas as importações colombianas depois que a Colômbia recusou aceitar voos de deportação de migrantes colombianos enviados pelos EUA. Essa tarifa deve dobrar para 50% dentro de uma semana, caso a disputa não seja resolvida.
A reintrodução de tarifas gerou reações mistas na comunidade empresarial. Alguns líderes da indústria expressaram preocupação com possíveis interrupções nas cadeias de suprimento e aumento dos custos para os consumidores. Empresas como a 3M, que possuem operações significativas com o México e o Canadá, estão avaliando o impacto potencial dessas medidas.
Risco de inflação
Economistas alertam que essas tarifas podem levar a preços mais altos para os consumidores e aumentar a inflação. Um relatório do Instituto Peterson de Economia Internacional sugere que essas políticas podem elevar a inflação para entre 6% e 9,3% até 2026, em comparação com uma previsão de 1,9% sem essas medidas.
As respostas globais às medidas tarifárias dos EUA têm sido variadas. Alguns países estão buscando reduzir sua dependência do mercado americano, investindo em novos acordos bilaterais e regionais de comércio. Essa mudança pode diminuir a influência dos EUA como potência comercial e enfraquecer sua força econômica a longo prazo.
Em resposta às tarifas, a Colômbia criticou as ações dos EUA. O presidente colombiano, Gustavo Petro, enfatizou a necessidade de tratar os migrantes com dignidade e expressou disposição em aceitar os deportados em voos civis.
Olhando para o futuro, o governo americano pode considerar várias opções para avançar sua agenda comercial:
1. Negociações com parceiros comerciais: Os EUA podem se envolver em discussões com países afetados para abordar questões subjacentes, como imigração e tráfico de drogas, o que poderia levar à redução ou remoção das tarifas.
2. Expansão das medidas tarifárias: Se as tarifas iniciais não alcançarem os resultados desejados, o governo pode ampliar seu escopo para incluir mais países ou produtos, visando proteger ainda mais as indústrias domésticas.
3. Ajustes econômicos domésticos: Para mitigar impactos negativos em consumidores e empresas, o governo poderia implementar subsídios ou incentivos fiscais para apoiar indústrias afetadas e controlar a pressão inflacionária.
4. Ações legais e legislativas: Desafios às tarifas podem surgir no âmbito doméstico ou internacional, levando a disputas legais ou esforços legislativos para limitar a autoridade executiva sobre a política comercial.
Enquanto o governo navega por essas dinâmicas comerciais complexas, será necessário equilibrar os objetivos de proteger os interesses domésticos com as possíveis repercussões econômicas globais. As próximas semanas e meses serão cruciais para determinar a eficácia e a sustentabilidade dessas políticas tarifárias.