Ópera Garnier de Paris completa 150 anos “namorando” com o Brasil


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Feb 04 2025 14 mins  

O imponente Palácio Garnier da Ópera de Paris foi inaugurado em janeiro de 1875. O aniversário de 150 anos será celebrado durante todo o ano de 2025 com exposições, conferências, residências de artistas e, integrando a programação da temporada cruzada França-Brasil, concertos com a participação de artistas brasileiros. Vários projetos também serão realizados no Brasil, informa em entrevista à RFI Maria Isabel dos Santos-Nivault, que integra o fundo de dotação da Ópera de Paris. “Tudo isso é um namoro”, diz a advogada brasileira.

O monumental Palácio Garnier recebe por ano um milhão de visitantes. O prédio, projetado pelo arquiteto francês Charles Garnier, foi inaugurado em 5 de janeiro de 1875. Seu estilo eclético e fachada com esculturas homenageando a harmonia, a música, o canto lírico e a dança, influenciaram a construção de teatros em todo o mundo, como os teatros municipais do Rio de Janeiro e São Paulo. Sua história se confunde com história da Ópera Nacional de Paris, que em 1989 ganhou mais uma sala, a moderna Ópera Bastilha.

A prestigiosa instituição cultural francesa, que reúne a Escola de Dança, o Corpo de Baile, o Coral e a Orquestra, além de uma Academia de aperfeiçoamento musical, é um importante espaço da cena internacional contemporânea. A Ópera de Paris perpetua a tradição, apresentando balés e óperas do repertório clássico, mas também abre espaço para criações artísticas de vanguarda.

“A Ópera é muito vanguardista. Ela progrediu muito, evoluiu com os anos. O trabalho deles é extraordinário”, garante a advogada brasileira Maria Isabel dos Santos-Nivault, espectadora assídua e integrante do fundo de dotação da Ópera de Paris, Arop, associação que reúne os mecenas da instituição.

Um belo exemplo desse repertório variado foi o espetáculo de Gala realizado no último dia 25 de janeiro, que iniciou as festividades pelos 150 anos do Palácio Garnier. “O Gala foi uma homenagem ao trabalho da Ópera e a todos os integrantes da Ópera há 150 anos. Foi um espetáculo maravilhoso (que) retomou todos os grandes momentos da ópera, grandes obras produzidas e um balé original”, conta Maria Isabel.

Programação e temporada cruzada França-Brasil

Além da programação anual de óperas, balés e concertos, a instituição prevê para marcar os 150 anos uma grande exposição, que será inaugurada em 14 de outubro, palestras sobre o “Palácio Garnier, objeto de todos os fantasmas” em novembro, e uma residência de 12 artistas durante todo o ano.

Os 150 anos da Ópera Garnier coincidem com a temporada cruzada França-Brasil em 2025 e a instituição “está sendo superativa” nesse evento, informa Maria Isabel dos Santos-Nivault.

Cantores líricos brasileiros, que já passaram pela Academia da Ópera de Paris, foram selecionados e vão participar de um concerto de melodias brasileiras e francesas, programado para o início de abril na capital francesa. “Em seguida, eles vão se apresentar na Embaixada do Brasil em Paris, e depois vamos levá-los para o Brasil - Rio, São Paulo e talvez Curitiba”, antecipa.

Na verdade, vários projetos estão previstos para este ano no Brasil, como um concerto em homenagem ao compositor francês “Georges Bizet”, morto há 150 anos, um concerto conjunto das orquestras ADO (da Academia da Ópera) e do projeto Guri, na Sala São Paulo, e masterclass de dança e música para artistas brasileiros. No entanto, a ideia de abrir uma filial da Escola de Dança da Ópera no Brasil não deve sair do papel ainda este ano, mas as prospecções, iniciadas no ano passado com a viagem de uma equipe da instituição francesa ao país, continuam.

“Tudo isso é um namoro. É para a ópera conhecer melhor as instituições artísticas brasileiras”, compara.

Bolsas de estudos para jovens brasileiros

Maria Isabel dos Santos-Nivault também integra um grupo de mecenas brasileiras da Ópera de Paris, cujo o “único objetivo é ajudar quem tem talento”. Há alguns anos, o grupo começou a fazer doações específicas para custear bolsas de estudos de jovens brasileiros que passam no concurso para a Escola de Dança ou Academia.

Cinco bolsistas já foram beneficiados, entre eles a bailarina Luciana Sagioro contratada no ano passado. Uma sexta bolsista, uma soprano que acabou de passar no concurso, chega em setembro. “Seis brasileiros, como muito orgulho, porque é dificílimo passar nesses concursos”, salienta.