Feb 03 2025 5 mins 5
A 67ª edição do Grammy Awards, que aconteceu neste domingo (2) em Los Angeles, homenageou os socorristas que atuaram nos recentes incêndios que tomaram conta da cidade. A noite também foi de festa para Beyoncé, que após acumular 99 indicações, enfim, levou o grande prêmio. Os brasileiros que participaram da festa saíram sem premiação.
Cleide Klock, correspondente da RFI em Los Angeles
Anitta concorria na categoria de Melhor Álbum de Pop Latino com seu "Funk Generation", mas a vencedora foi a colombiana Shakira, que levou com "Las Mujeres Ya No Lloran". Na celebração que acontece no início da tarde, um pouco antes da cerimônia televisionada, concorriam ainda outros brasileiros.
Milton Nascimento estava indicado a Melhor Álbum vocal de jazz pelo trabalho em parceria com Esperanza Spalding (Milton + Esperanza), mas quem venceu foi a norte-americana Samara Joy.
Hamilton de Holanda (com "Collab", em parceria com o cubano Gonzalo Rubalcaba) e a pianista Eliane Elias ("Time and Again") disputavam na mesma categoria, de Melhor Álbum latino de Jazz, vendida pelo pianista e compositor norte-americano, Zaccai Curtis.
Já “So Different”, composição de Anna Torres, maranhense radicada na França, tentava o Prêmio Especial Harry Belafonte de Melhor Canção para Mudança Social. Mas quem levou foi Inan Jordan, com “Deliver".
Os brasileiros não foram apenas esquecidos nas cédulas de votação, mas também pela organização da festa. Esperanza Spalding levou para a cerimônia uma foto do cantor com os dizeres: "Essa lenda viva deveria estar sentada aqui", em referência a Milton Nascimento.
Segundo ela, Milton não teria sido convidado a ficar nas mesas principais para assistir à festa. Nas redes sociais, Esperanza escreveu que Bituca “não foi considerado importante o suficiente para sentar entre as celebridades".
Beyoncé
Após 99 indicações na carreira, sendo 11 neste ano, Beyoncé enfim levou para casa o prêmio principal da noite, de Melhor Álbum. Ela já era a artista a receber mais prêmios do Grammy na história, com 32 gramafones.
Agora, quebra seu próprio recorde e passa para 35 - já que ganhou também Melhor Álbum Country e Country Duo. Beyoncé sempre foi ignorada na categoria principal, de Melhor Álbum, a quinta indicação nessa categoria.
Apesar dela nunca ter demonstrado descontentamento, seu marido Jay-Z, ao aceitar o Prêmio de Impacto Global durante a cerimônia do ano passado, criticou a Academia de Gravação por nunca ter dado o prêmio principal à esposa - recordista em quantidade de gramofones.
A Academia enfrentou também críticas nos últimos anos por não reconhecer igualmente mulheres e artistas negros. Beyoncé é a primeira mulher negra a vencer o Grammy de Álbum do Ano desde Lauryn Hill, em 1999. Por todo esse movimento, o seu álbum “Cowboy Carter”, que fala da história dos negros nos Estados Unidos, aparecia entre os favoritos.
Os vencedores
Kendrick Lamar levou 5 prêmios por "Not Like Us", entre eles Melhor Música e Melhor Gravação do ano. Outro destaque foi para Chappell Roan que ficou com o disputado prêmio de Artista Revelação. Lady Gaga e Bruno Mars ganharam Melhor Performance de dupla ou grupo pop (“Die With A Smile") e Sabrina Carpenter ganhou seu primeiro Grammy na categoria de Performance Solo de Pop (“Espresso”).
Um fato curioso é que Os Beatles venceram como Melhor Performance de Rock por “Now and Then”. A canção foi escrita e gravada por John Lennon em casa e em uma fita cassete, há quase cinco décadas, e recuperada com a ajuda de inteligência artificial.
Homenagens aos bombeiros
A festa foi uma grande celebração a Los Angeles e aos socorristas que trabalharam nos incêndios. Foram eles que entregaram o maior prêmio da noite para Beyoncé e ganharam homenageados no tapete vermelho. A festa, sempre cheia de glamour, mudou de tom para se concentrar na arrecadação de fundos de emergência para as comunidades afetadas e para os socorristas.
Durante toda a noite, foram apresentados vídeos do desastre, depoimentos e pedidos de doações. A festa arrecadou mais de US$ 7 milhões durante as três horas e meia de transmissão.
Vários discursos também deram destaque às vítimas das queimadas e o microfone foi um canal aberto para críticas às ações do presidente Donald Trump. Shakira dedicou seu prêmio aos ‘irmãos e irmãs’ imigrantes e Lady Gaga disse que as pessoas transgêneras não são invisíveis e merecem amor.