Vigília pela saúde do papa em Roma tem participação de opositor de Francisco e inúmeros brasileiros


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Feb 26 2025 6 mins   4

O papa Francisco, de 88 anos, continua hospitalizado em Roma para tratar de uma pneumonia bilateral. A internação, que já dura 13 dias, é a maior desde que ele foi eleito líder dos católicos em 2013. O boletim divulgado na manhã desta quarta-feira (26) pelo Vaticano afirma que “o papa passou uma noite tranquila e está descansando” em seu quarto no hospital. A vigília pela saúde do pontífice na Praça São Pedro de Roma, dessa terça-feira (25), contou com a participação de vários fieis brasileiros e do cardeal ultraconservador americano Raymond Leo Burke, um dos maiores opositores de Francisco.

Os comunicados mais detalhados sobre o estado de saúde do papa têm sido elaborados pela equipe médica que o atende no Hospital Gemelli, em Roma, divulgados à noite. O boletim de ontem afirmou que o estado clínico do pontífice argentino continuava crítico, mas estável. Ele não teve problemas respiratórios agudos e os parâmetros hemodinâmicos continuam estáveis. Além disso, Francisco foi submetido a uma tomografia computadorizada programada para o monitoramento radiológico da pneumonia bilateral. O resultado desta tomografia ainda não foi divulgado. O prognóstico permanece reservado.

Segundo o Vaticano, embora o papa tenha reduzido suas atividades profissionais, ele continua a trabalhar. Em seu quarto no hospital, ele lê e assina documentos, além de tomar decisões. Na segunda-feira (24), Francisco teve uma audiência com o secretário de Estado do Vaticano, o cardeal italiano Pietro Parolin, e também com o venezuelano Dom Edgar Peña Parra, respectivamente números dois e três na hierarquia da Santa Sé, para beatificações e canonizações de dois novos santos. Poucas pessoas podem entrar no seu quarto no 10º andar do hospital Gemelli. O pontífice também decidiu convocar um Consistório que tratará das próximas canonizações.

Nos últimos dias, tem havido especulações se Francisco poderia renunciar, como fez o papa Bento 16, pela fragilidade de seu estado de saúde.

Logo no início do pontificado, em 2013, o papa deixou com o secretário de Estado do Vaticano uma carta assinada, na qual afirmava que poderia renunciar em caso de problemas de saúde. Ele revelou a existência desta carta em uma entrevista há cerca de dois anos. Porém, outros papas também prepararam uma carta de renúncia e permaneceram no cargo. Foi o caso de Pio XII, que poderia deixar o cargo se fosse capturado pelos nazistas, e de Paulo VI, que queria também o afastamaento se tivesse problemas físicos que o impedissem de governar. No Código Canônico não há qualquer regra que impeça a renúncia de um pontífice.

Eventos do Jubileu

Os eventos programados no Jubileu continuam, mesmo com o papa hospitalizado. Não há um substituto oficial nessas atividades. No domingo (23), a missa solene para o Jubileu dos Diáconos foi celebrada pelo arcebispo Rino Fisichella, um dos organizadores do evento que acontece a cada 25 anos. Ele leu a homilia escrita pelo papa.

Porém, só Francisco pode pronunciar a tradicional oração do Angelus de domingo. Como ele está internado, pelo segundo domingo consecutivo, o texto do Angelus escrito pelo pontífice foi entregue à Sala de Imprensa do Vaticano, que o divulgou publicamente.

Sem prazo de alta

Ainda não é possível prever quando o papa terá alta do hospital. Devido à gravidade da pneumonia bilateral e a fragilidade física de um homem de 88 anos, que quando jovem teve parte do pulmão retirado, provavelmente o repouso será necessário.

O chefe da equipe que cuida de Francisco no hospital, o médico Sergio Alfieri, disse na sexta-feira passada que o pontífice só teria alta quando estivesse bem e sem necessidade de cuidados hospitalares. O médico acrescentou que se desse alta agora, o que não é possível, Francisco iria querer logo participar de eventos em contato com o público.

Opositor de Francisco participa de vigília

Desde a hospitalização, os católicos começaram a fazer vigílias espontâneas pela saúde do papa, em Roma, mas também em outras cidades, como Buenos Aires, onde o jesuíta foi arcebispo. Na vigília dessa terça-feira (25), fiéis e cardeais estiveram presentes, entre eles o ultraconservador americano Raymond Leo Burke, um dos maiores opositores de Francisco.

Nem a chuva desencorajou a participação dos fiéis na Praça São Pedro. Entre eles, havia diversos brasileiros. O carioca Clodoaldo Pires da Silva contou à reportagem da RFI que tinha marcado sua visita a Roma há algum tempo. "Eu vim para o Jubileu para passar na Porta Santa que perdoa as indulgências, perdoa os pecados. Eu tinha o sonho de fazer isso e vim. Por surpresa, o papa Francisco ficou doente, então estou aproveitando para também orar pelo papa”, disse o carioca.