Feb 22 2025 2 mins 3
Praticamente todas as revistas francesas deram destaque esta semana para a guerra na Ucrânia, que completa três anos na segunda-feira (24). As reportagens abordam as tentativas frustradas em busca da paz e, principalmente, o papel dos Estados Unidos desde a volta de Donald Trump ao poder. As publicações mostram como o presidente norte-americano conseguiu se impor, ofuscando a Europa em seu papel de mediadora do conflito, e tornando evidente os limites do Velho Continente no cenário global.
“Europa apagada” diante da guerra na Ucrânia é a manchete estampada na capa da revista L’Express. Em seu editorial, a publicação afirma que bastou um telefonema de Donald Trump ao líder russo para que os europeus desaparecessem das negociações. "A indignação das capitais europeias não pesou muito diante da vontade do presidente norte-americano de negociar diante com Vladimir Putin", resume a revista.
No entanto, como alerta a revista Nouvel Obs, também em seu editorial, o risco de um acordo de paz eventualmente mal negociado por Trump pode acabar gerando novos conflitos. "Um acordo trumpista pode incitar Putin a tentar ofensivas contra outros países vizinhos, e até ameaçar a Europa inteira", avalia a publicação.
"A guerra na Ucrânia confirmou o quanto os Estados Unidos são essenciais para a defesa da Europa", afirma a revista Le Point, lembrando que os países do bloco deixaram de investir em suas estruturas militares, acreditando que a paz seria garantida para sempre por Washington.
Mas as declarações do vice-presidente americano J. D. Vance durante a Conferência de Segurança de Munique na semana passada mostraram que os Estados Unidos não estarão sempre ao lado dos europeus em termos de segurança - pelo menos não enquanto Trump estiver no poder. Se durante o mandato de Joe Biden os Estados Unidos eram aliados dos europeus, sob as ordens de Trump, o país trata o Velho Continente com um "desprezo hostil", resume a revista Nouvel Obs.
“O Velho Continente ainda não se deu conta do rolo compressor russo, que busca uma nova esfera de influência na Europa central”, avalia L’Express. “Putin, ditador com sede de revanche, vai acabar colocando a Ucrânia de joelhos, antes atacar a Geórgia, a Moldávia e quem sabe os países bálticos e até a Polônia", aposta a revista, antes de alertar: "a Europa tem que acordar".