Mar 08 2025 2 mins 4
As revistas francesas desta semana destacam e analisam o choque e a mudança de postura da Europa em matéria de Defesa, após o anúncio do presidente Donald Trump da suspensão das ajudas dos Estados Unidos à Ucrânia.
A consternação causada pela atitude de Trump convenceu os últimos países que resistiam ao aumento do investimento na Defesa da Europa de que o bloco deve se armar e organizar sua segurança, "uma revolução cultural", de acordo com Nouvel Obs.
Antes mesmo do abandono anunciado por Trump, as declarações do vice-presidente americano J.D. Vance na Conferência de Segurança de Munique, em 14 de fevereiro, e a visita de Volodymyr Zelensky à Casa Branca em 28 de fevereiro, que se transformou em “bullying público” do líder ucraniano, representaram dois alertas para os europeus.
Depois disso, as cúpulas extraordinárias entre os países-membros do bloco e o Reino Unido se multiplicaram com apenas um objetivo, diz a revista: colocar finalmente nos trilhos a defesa comum europeia. Para a publicação, a atitude hostil de Trump levou os países europeus a antecipar os cenários mais extremos: os serviços secretos da Alemanha, da Dinamarca e da Polônia consideram a hipótese de um ataque da Rússia a um país europeu dentro de cinco anos.
Salvar o soldado Zelensky
"Por que devemos salvar o soldado Zelensky?", pergunta o título da matéria da L'Express. A época em que o presidente ucraniano era recebido como herói no Congresso americano parece distante. Em uma reviravolta chocante, Washington e Moscou estão agora unindo forças contra o líder de um país que foi vítima da invasão russa, diz a revista.
Para especialistas entrevistados, a Ucrânia ainda pode resistir diante de um adversário que avançou pouco no campo de batalha em três anos. Mas ela também deve tentar, tanto quanto possível, manter os Estados Unidos ao seu lado. Cabe ao Velho Continente contribuir para um plano de paz plausível para não ficar de fora do jogo, afirma a publicação.
Para Kiev, o acordo de paz proposto por Trump a Zelensky em troca de ajuda militar é pura chantagem, explica Le Point. Se Zelensky não aceitar as exigências do presidente americano, que repetem os planos formulados por Vladimir Putin e se resumem à rendição de Kiev, o fim da ajuda americana será definitivo. A Ucrânia deveria então se preparar para continuar sua luta não apenas sem os americanos, mas talvez contra os Estados Unidos, diz a revista.