Mar 06 2025 12 mins 1
O jovem humorista Bruno Peki é considerado um dos talentos promissores, tanto na Suíça, onde ele nasceu, quanto na França. Ele já ganhou vários prêmios e desde setembro de 2024 participa semanalmente do tradicional programa de rádio “La Bande Originale” da France Inter sempre dando uma visão original e divertida sobre temas da vida cotidiana, política e cultural da França, da Suíça, mas também do Brasil, pois Bruno Peki tem dupla nacionalidade: suíça e brasileira.
Filho de pai suíço e mãe brasileira, Bruno Peki nasceu em Genebra, em 1999. Seu sobrenome verdadeiro é Hausler, mas ele teve de criar um nome de cena quando descobriu que tinha um homônimo na França, também humorista. “Não dá, né? Ter dois humoristas com o mesmo nome, na mesma área, na mesma língua”, explica. Escolheu então Peki que, apesar de ser escrito com “K”, os brasileiros logo associam com a fruta do cerrado.
“Eu estava em Brasília com a minha família e descobri o pequi. Eu gostei do nome. Em francês não é uma palavra que a gente conhece. Coloquei com K. Na verdade, as pessoas pensam que é meu nome. É só quando encontro um brasileiro e falo que o meu nome é Bruno Peki, ele fala: ‘ah, igual ao pequi?’ Aí eu tenho de contar tudo isso”, lembra, rindo.
Ao pesquisar sobre a sua vida, ficamos impressionados ao saber que ele fez durante vários anos parte de comédia de stand up da Nova Revista de Lausanne. Bruno Peki tem apenas 25 anos, mas já acumulou quase 8 de carreira. Ele subiu ao palco pela primeira quando tinha 17 anos, na escola, e se profissionalizou aos 19 anos.
Mas ser humorista não era seu sonho de criança. Bruno sonhava em ser atleta de Tênis de Mesa. Dos 10 aos 15 anos, participou de vários campeonatos na Suíça e chegou a ter uma boa classificação, mas se machucou e a vida virou.
“Quando eu descobri essa sensação de estar no palco, na frente do público, falei: ah, acho que essa é a minha área’. Eu gostei tanto, que virou meu sonho, objetivo e tudo”, afirma.
“Banda original”
Com seu humor irreverente, Bruno Peki vem conquistando um público cada vez maior. Ele já ganhou vários prêmios na Suíça e na França. Desde setembro, quando começou a fazer as crônicas semanais para “La Bande Originale”, ganhou ainda mais visibilidade. O tradicional programa da rádio pública France Inter, que reúne todos os dias humoristas profissionais que gozam de tudo e de todos, tem uma audiência de mais de 1,5 milhão de ouvintes.
Ele indica que fazer parte da "Bande Originale" era um sonho, e que além de mais visibilidade, isso também trouxe mais “credibilidade no meio profissional”. O humorista, que hoje divide sua vida em Paris e Genebra, fala em “um antes e um depois”, acrescentando que também tem “mais solicitações para fazer o (seu) show desde que trabalha nessa rádio”.
Autoirreverência
Nas crônicas para a France Inter, Bruno Peki é rápido, afiado, irreverente. Ele zomba muito dele mesmo, de sua origem suíça, de homem branco, jovem, hétero e europeu. “Como humorista, a primeira pessoa que você tem que brincar, que fazer piada, é você mesmo. Porque se você não tem esse senso de humor com você, é difícil de ter com os outros”, ensina.
Em sintonia com as pautas importantes de sua geração, o jovem sabe que tem “vários privilégios nessa sociedade”. Por isso, acredita ser “mais interessante brincar sobre esses privilégios e essas categorias de pessoas, do que fazer piada sobre as pessoas que já têm discriminação”.
Os clichês sobre a Suíça e o Brasil também não escapam do humor de Bruno Peki. A crônica sobre a volta de Neymar ao Santos, quando ele fala inclusive em português na rádio francesa, ainda diverte os internautas. “Eu amo fazer piada, em qualquer idioma: inglês, francês ou português”, garante, descartando um estilo humorístico tipicamente “suiço-brasileiro”.
Brasil, o país da piada pronta?
Bruno Peki segue a cena humorística brasileira e já se apresentou, fazendo piada em português, em dois shows do francês radicado no Brasil, Paul Cabanes. O jovem humorista suiço-brasileiro prepara um novo espetáculo sobre a “busca da felicidade”.
Ele antecipa que vai abordar as diferenças do jeito de viver e de comunicar entre a Suíça, a França e o Brasil. “Eu acho interessante que, dependendo da cultura, de onde você mora, a definição de felicidade não é a mesma”.
O humorista cita como exemplo a comemoração recente da conquista do Oscar de melhor filme estrangeiro para “Ainda Estou Aqui”. “Quando eu falo para os meus amigos, eu mostro os vídeos da galera toda na rua, assistindo no telão a retransmissão da cerimônia, eles falam: ‘não é possível’”, relata. Ele pensa que festejar uma premiação de cinema como se fosse um gol “é uma coisa que só tem no Brasil”.
Ao ser perguntado se concorda com a expressão de que “o Brasil é o país da piada pronta", Bruno Peki aponta “essa exageração brasileira como uma coisa bem engraçada” e que escolheria isso como uma piada do Brasil.
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