“É possível passar um dia sem falar de Donald Trump?”, questionam revistas francesas


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Apr 12 2025 2 mins   5

O presidente americano, Donald Trump, intensificou sua política protecionista nesta semana, com uma série de anúncios que monopolizaram as atenções da mídia e estremeceram a economia mundial. Além dos possíveis impactos geopolíticos, as principais revistas semanais francesas analisam a retórica do chefe da Casa Branca, que acaba ocupando todas as conversas.

“É possível passar um dia sem falar de Donald Trump?”, questiona Kamel Daoud, um dos cronistas da revista francesa Le Point. Segundo ele, se tornou difícil para a opinião pública mundial escapar do “brutalismo” do presidente americano.

“Podemos zombar de sua maneira de se dirigir à opinião pública mundial, de sua maneira escolar de exibir uma tabela de impostos ou de falar dos pinguins da Groenlândia. Mas talvez esse seja o código do novo século”, avalia, apontando o uso de um discurso baseado na indignação, na simplificação, na grosseria e nas frases de efeito direto. “O código do populismo é a audácia”, escreve o cronista.

Já a revista L’Express pediu para um especialista em comunicação política comentar a estratégia de Trump. Franck Louvier, conselheiro do ex-presidente francês Nicolas Sarkozy, um chefe de Estado que também ficou conhecido por seu tom direto, visto como disruptivo para sua época, aponta que, no caso do líder americano, o mundo assiste a uma dinâmica de programa de televisão, capaz de embarcar todo o planeta.

Temporadas de reality show

“Trump é o diretor de seu mandato, que ele transforma em temporadas de reality show para as quais escreve o próprio roteiro”, analisa, lembrando que o bilionário do setor imobiliário ficou mundialmente conhecido justamente por meio do programa The Apprentice.

“Ele preenche o espaço todos os dias por motivos estratégicos”, diz o especialista, lembrando que em dois anos os Estados Unidos organizam eleições e que, para Trump, estar presente na mídia é indispensável. “O excesso não é um acidente, é um cálculo, e o caos é uma ferramenta de poder”, aponta.

Ao ser questionado se a imagem de Trump não pode ficar desgastada junto ao eleitorado, o especialista afirma que, ao se colocar no centro do mundo, o chefe da Casa Branca responde ao sonho americano. “Trump é a própria personificação do poder, que raramente é contestada nos Estados Unidos”, avalia Franck Louvier.

O especialista lembra que “na França, as cabeças são cortadas quando o poder se torna arrogante”. Além disso, “os americanos são mais sensíveis ao poder econômico do que ao poder político, e o dinheiro é um elemento do poder”, conclui nas páginas da revista L’Express.