Série Fish Talk – Os peixes também sofrem – ep. 4


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Jun 04 2024 6 mins   7

OS PEIXES TAMBÉM SOFREM: PARTE 4


ABERTURA DO FISH TALK

TRILHA SONORA

Carol: Você sabia que, assim como os humanos, os peixes não apenas sentem dor, mas também sentem

estresse, ansiedade e até medo? E essas podem ser fontes importantes de sofrimento para os

peixes também…

João: Neste episódio do programa ‘A mente do peixe’, vamos explorar as respostas de estresse,

ansiedade e medo dos peixes. Eu sou o João Saraiva.

Carol: E eu sou a Carol Maia, e começa agora o episódio Os peixes também sofrem – parte 4!

TRILHA SONORA

João: É comum ver pessoas a reclamar que estão estressadas com uma alguma situação difícil que esteja

a causar algum tipo de pressão psicológica sobre elas, certo? Alguns estudos vêm demonstrando

ao longo dos anos que esse tipo de fenômenos também podem acontecer com os peixes.

Carol: Sim, os peixes podem ficar estressados! Existem muitos estudos demonstrando que o cortisol –

hormônio que indica resposta ao estresse em muitos outros animais, inclusive em seres humanos,

– aumenta em indivíduos estressados de várias espécies de peixes.

João: E não são apenas as respostas fisiológicas podem ser observadas nos peixes. Além de outras

substâncias – como glicose ou lactato, que também ficam alteradas em peixes estressados assim

como em outros animais – mudanças comportamentais também podem ser facilmente observadas

em peixes estressados, como a respiração ou batimentos cardíacos acelerados.

Carol: No estudo ‘Caution for using ventilatory frequency as an indicator of stress in fish’, publicado

pelos Drs. Barreto e Volpato em 2004, o registro da frequência ventilatória da tilápia do Nilo

(Oreochromis niloticus) pela observação do batimento opercular dos peixes foi validado como uma

ferramenta confiável para inferir a resposta ao estresse nessa espécie.

João: E já foi demonstrado que algumas espécies, como a própria tilápia do Nilo, mudam a cor do seu

corpo e até mesmo a coloração dos seus olhos em resposta ao estresse! E não podemos esquecer

que, pelo menos nos humanos, a ansiedade pode ser uma potencial fonte de estresse… Será que

os peixes também podem ficar ansiosos? Vamos falar sobre isso!

TRILHA SONORA

Carol: A ansiedade tem sido estudada em peixes ao longo dos anos. Aliás, tem até espécies que são

utilizadas como modelo experimental em estudos sobre ansiedade, como é o caso do peixe

paulistinha (Dano rerio), por exemplo. Esses estudos geralmente avaliam os efeitos ansiolíticos de

agentes farmacológicos ou os efeitos comportamentais de substâncias tóxicas, e investigam as bases

dos comportamentos relacionados à ansiedade em geral.

João: O artigo ‘Scototaxis as anxiety-like behavior in fish’, publicado em 2010, apresenta um protocolo

para avaliar melhor as respostas de ansiedade em diferentes espécies de peixes. A proposta é colocar


um peixe em um compartimento central de um aquário metade preto, metade branco, e observar

o peixe por 15 minutos, registrando o número e a duração das entradas em cada compartimento.

Carol: Os pesquisadores desse estudo mencionaram que os paulistinhas, peixinhos dourados, lebistes

e tilápias são peixes que claramente preferem o compartimento escuro nesse tipo de teste. Assim,

um aumento de sua atividade no compartimento branco, que é indicado por mais tempo e maior

número de entradas ali, deve refletir um comportamento ansiolítico desses peixes!

TRILHA SONORA

João: E quanto ao medo dos peixes? Bom, quando os peixes sentem medo, eles expressam alterações

fisiológicas e comportamentais bem semelhantes aos humanos com medo. Os níveis de cortisol e a

frequência cardíaca aumentam, indicando que o peixe está a enfrentar uma situação estressante.

Além disso, quando estão com medo, os peixes podem expressar comportamentos de fuga ou

mesmo uma espécie de congelamento, parando de se mover!

Carol: O artigo ‘Pain perception, aversion and fear in fish’, que foi publicado pela Dra. Braithwaite e o

Dr. Boulcott em 2007, oferece uma ótima revisão que explora a questão do medo em peixes e sua

relação com respostas aversivas e o sofrimento desses animais.

Carol: É muito interessante saber que os peixes podem ficar bem estressados e que provavelmente

esses animais são capazes de ficar ansiosos e de sentir medo também. Mas essas são todas emoções

negativas. Os peixes também são capazes de sentir estados afetivos positivos e expressar incríveis

habilidades cognitivas. Esses são temas dos nossos próximos episódios do programa ‘A mente do

peixe’! Fique ligado!

TRILHA SONORA

João: Este episódio foi apresentado por mim, João Saraiva, e pela Carol Maia, que também o coordenou.

Somos da FishEthoGroup Association.

Carol: E você pode seguir a FishEthoGroup Association em nossas redes sociais. Nós estamos no

Facebook (facebook.com/fishethologyandwelfare), Instagram (@fishethogroup) e no Twitter

(@group_fish). Vejo você no próximo episódio!

TRILHA SONORA

ENCERRAMENTO DO FISH TALK